Reflexões compartilhadas

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sábado, 26 de março de 2011

O porto de muitos casais

O porto de muitos casais


Desde que aqueles casais de açorianos chegaram, e lá se vão 239 anos, esta capital da nossa província de São Pedro evoluiu de forma intensa e importante. Aquele pequeno lugarejo dos idos de 1772 transformou-se nesta moderna e complexa metrópole que conhecemos nos dias de hoje. Sob os céus de Porto Alegre, quase 1 milhão e meio de pessoas estão respirando o ar de nossa cidade, que ainda não é dos mais poluídos. A água que bebemos, mesmo quando ela tem gosto de terra e cheiro pouco agradável, chega a quase 95% da população que aqui se encontra. De cima de seus morros, temos algumas das vistas mais lindas que em uma capital se é possível ter, no nosso Brasil. O pôr do sol do Guaíba, rio, lago, estuário ou seja lá como se queira chama-lo, (e ele não se importa muito com isso, pra dizer a verdade), é um dos cenários que fazem por vezes os olhos se encherem de lágrimas ao vislumbra-lo; lágrimas de admiração, lágrimas de poesia pura, que lá acontece, quando o sol não está de folga. A avenida Beira-Rio, com seu verde intenso, com sua vizinhança esportiva, dos atletas de ocasião no parque Marinha ou de um certo estádio nas proximidades, templo para alguns, lugar indesejado para outros, conduz os veículos do centro ao sul de nossa cidade, passando por onde logo teremos mais um museu, entre vários que nossa capital possui.

Para quem gosta, os shoppings são refúgio, são lazer, são local de trabalho e de novidades. E nossa capital está repleta deles, dos mais simples e populares, aos mais sofisticados, destinados ao público mais exigente. Nos hotéis luxuosos, ou nas pensões de viajantes com poucos recursos, podemos passar a noite na companhia das estrelas que podemos ver de nossa janela. Podemos andar por calçadas que prometam a fama, e que tantos lugares interessantes oferecem, para os paladares sofisticados ou não. Quem sabe ir na cidade que não é assim tão baixa, mas que era o início do fim da zona urbana num passado já não tão próximo. Ou circular pelas badaladas casas noturnas de nossa capital, conhecidas nacionalmente, e que entre cafés, dados e grutas, preenchem todos os gostos. Aos aficcionados da 7a. arte, nosso Porto deixa para os casais muitas opções. Os cinemas que aqui temos são de dar orgulho aos que os freqüentam. Boas opções, bem distribuídas e com as ultimas novidades que aqui chegam, e que por vezes por aqui estréiam.

E muitos que aqui diariamente passam, adotam esta cidade para trabalhar, mas vem de longe, de outras cidades de nossa região metropolitana, sendo ilustres visitantes diários.

Talvez pudéssemos pensar por alguns momentos, depois de refletirmos com um olhar poético que estamos em um paraíso. Pena que esse pensamento dure somente até encontrarmos aquele menino na esquina pedindo esmola, ou aqueles tantos que moram embaixo dos viadutos e pontes de nossa capital. Veríamos logo que estamos numa cidade de muitos problemas, quando assistimos pela TV uma vila popular em chamas em plena metrópole, e 200 casas sendo queimadas. Sentimos na pele que não estamos num paraíso quando temos nossas casas invadidas, nossas coisas roubadas ou quando temos medo de andar nas ruas, por vezes escuras e sem segurança. Aqueles congestionamentos de inicio da manhã ou de final de tarde e aqueles indesejáveis e intragáveis flanelinhas que infernizam a vida dos motoristas, fazem o toque final e nos lembram que estamos em uma cidade linda, com grandes belezas e sofisticações, mas que é uma cidade como todas as outras, no que se refere as dificuldades, aos problemas, as desilusões. Por que nesta nossa capital de todos os gaúchos, habitam todos os tipos de casais. Daqueles da Bela Vista, um dos nossos bairros nobres, àqueles que habitam em morros ou em tantos casebres distribuídos pela nossa capital. Estes últimos, por vezes sem luz, sem água, sem um mínimo de dignidade humana, lutando diariamente para sobreviver e para alimentar as suas famílias com decência e sem entrar na tentação do crime, são heróis silenciosos de nossa metrópole. Não são os únicos heróis, pois aqui tivemos golpes militares vitoriosos e frustrados, temos empreendedores que lutam para criar e manter empregos nestes dias de dificuldade, temos jovens que buscam seu caminho, numa era de incertezas, e temos principalmente, cidadãos, estes os verdadeiros donos da nossa capital, aqueles que tiveram e sempre terão o verdadeiro poder nas mãos, o poder de transformar as coisas através de sua mobilização, através de sua organização e através de seu voto. Porque neste momento, no momento da decisão de apertar o botão verde da urna eletrônica, Porto Alegre se transforma de verdade naquele porto, no porto de todos os casais. Parabéns Porto Alegre pelos 239 anos de vitórias e lutas.

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