Reflexões compartilhadas

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sexta-feira, 13 de maio de 2011

O Complexo de vira-lata e o Primeiro Mundo

Parece que virou uma forma recorrente de se referir às críticas que são feitas aos problemas de nosso país. Desde o governo passado, as autoridades do governo federal acabam utilizando-se desta figura de linguagem para se defender quando surge algum problema mal resolvido, ou quando a imprensa ou os cidadãos acabam manifestando a sua voz de contrariedade com relação as coisas que acontecem em nosso Brasil.
Basta dizer que estamos preocupados com o andamento das obras da copa do mundo, ou que estamos preocupados com o andamento das obras do PAC, para ouvir das autoridades federais que o brasileiro tem complexo de vira-lata, que setores da sociedade não querem ver o Brasil crescendo e se desenvolvendo, ou mesmo que existem pessoas que não estão satisfeitas com o forte incremento no poder de compra da classe C, aquela que de fato aqueceu o consumo em nosso país nos últimos aos.
Todas estas afirmações são meras desculpas que são dadas quando não existe o que dizer sobre os assuntos em quest ao. Afinal, estamos já quase na metade do ano de 2011, nos aproximando velozmente da copa do mundo de 2014, e os problemas que tínhamos nos anos anteriores permanecem iguais ou piores. Os aeroportos do Brasil, alguns deles com uma taxa de utilização comparáveis aos mais ativos aeroportos do mundo, continuam com seus problemas de super-lotação, de falta de estrutura, ou mesmo de falta de condição de operação normal em caso de adversidades metorológicas, como o de Porto Alegre ou Curitiba. As nossas grandes cidades continuam com a mesma estrutura viária, cada vez mais sobrecarregada de automóveis, que a população brasileira, com o poder de compra fortalecido, compra em suaves 80 parcelas ou mais.
Quando se diz que no ritmo atual chegaremos no período da copa do mundo com a infra-estrututa insuficiente, que nossos aeroportos não estarão prontos para o acréscimo de movimento que teremos, que nossas cidades permanecem sem as adequadas condições de infra-estrutura básica para atender este grande evento, que estaremos ouvindo ? Claro, que temos complexo de vira-lata.
Difícil entender porque no Brasil se demora tanto para fazer as coisas, se deixa tudo para a última hora, para o último segundo. Parece mesmo que existe uma deliberada vontade de que os projetos necessitem ser desenvolvidos em caráter de urgência, onde os controles acabam flexibilizados, e os custos catapultados a estratosféricos valores.
Quando se tem a oportunidade de visitar cidades de países de primeiro mundo, como Genebra, se percebe que a distância que nos separa daquela realidade ainda é muito grande. Um lugar onde o transporte coletivo eficiente, adequado, atende as necessidades da população. Onde as pessoas se deslocam de bicicleta de suas casas até as estações de trem ou de metrô para então se utilizarem deste serviço, e ao final do dia fazer o caminho inverso. Os bondes modernos, ou VLT’s – Veículos Leves sobre Trilhos, completam as opções de transporte, com agilidade, sem poluição e muita adequação.
Dizer a verdade não é ter complexo de vira-lata, é apenas ser realista. Parece que os únicos que não percebem que mudanças importantes na forma de fazer as coisas precisam ser feitas, e feitas já, são justamente aqueles que possuem o mandado emprestato pela população para fazerem.
Corre-se o risco de assumir um discurso de que em função do crescimento econômico acentuado dos últimos anos, leia-se desde a instituição do plano real, e consequente melhora dos principais indicadores de nosso país, desde IDH até risco Brasil, tudo está perfeito, e nada precisa ser mudado.
A verdade é que para chegarmos perto da realidade que países verdadeiramente de primeiro mundo hoje possuem, como Canadá e Suiça, precisamos primeiro aceitar que é necessário mudar a forma de fazer as coisas, a forma de gerir a coisa pública, e a forma de encarar a educação. Depois que se assumir esta necessidade de mudança e se começar gradativamente a fazer algo para que isso venha a acontecer, é que se poderá falar de fato em desenvolvimento sustentável, duradouro, amplo, geral e irrestrito. Caso contrário, correremos o risco de nos tornarmos todos vira-latas afogados pela ausência de um desenvolvimento econômico que poderia vir a ser ser um tsunami, mas que acabou sendo apenas uma marolinha.

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